Andar de patins é como mergulhar no Zen. Primeiro sente-se um pouco de medo, mas aos poucos a sensação de autoconfiança vai se desenvolvendo e perde-se o temor da entrega. Os pés acostumados a pisar firme no chão e dar equilíbrio, se intimidam com as rodinhas de silicone que parecem teimar em derrubar o corpo na primeira deslizada. Não são feitas para aquilo, mas para dar a sensação de leveza aos que se aventuram em andar e correr com elas. Até que o patinador e elas se tornem um só, formando um conjunto harmônico e respeite as imponderáveis leis da física, serão naturais os tropeços e quedas, assim como na vida. O Zen ensina a arte de receber o que a vida traz como experiência, usando os eventos inesperados e indesejados para o auto-aperfeiçoamento. Patinar, ensina que cair não é fracassar, mas aprender a manter-se em equilíbrio, aperfeiçoar-se para seguir em frente. Pode ser que o patinador se machuque aqui ou ali numa manobra mais arriscada - o Zen ensina que não se deve ir além dos próprios limites, mesmo que esses pareçam ilimitados e adverte que é necessário aprender-se a engatinhar para depois andar; andar para depois correr e só então aprender a voar. Manobras arriscadas sobre patins só podem ser feitas por quem já domina a arte de patinar. O Zen ensina a cultivar a paciência para se construir uma muralha, um edifício, um objetivo por mais difícil que possa parecer. A postura das pernas ligeiramente flexionadas para trás, os braços levemente distendidos ao logo do corpo dão ao patinador estabilidade esperada para que os pés sobre as rodinhas deslizem sem esforço pela pista lisa e sem empecilhos. Apesar disso, os obstáculos existirão e uma simples pedrinha poderá travar os patins desgovernando o corpo e levar à queda. É fundamental manter o corpo relaxado, pois a tensão e a rigidez superestimarão o medo de cair e apressará a queda. Cair para frente, nunca para trás, advertem os patinadores experientes; mas se de todo isso for impossível, deve-se cair com as nádegas no chão, buscando o apoio das mãos e do braço, a cabeça deve ser de todo modo protegida. O Zen ensina proteger a essência, a integridade do caráter, os quais devidamente protegidos reerguerá o ser intacto mesmo que possa estar ferido por fora. Importa a essência. Patinar, ensina como o Zen a arte de vencer obstáculos, cair e levantar, caminhar e voar, respeitar os limites e desafiá-los quando preparado. Patinar e Zen, ensinam a arte de viver. O patinador experiente poderá levitar sobre as pistas, sentindo o vento no rosto, saboreando a vitória de superar suas limitações redescobrindo seu próprio Zen interior
Um comentário:
Adorei !
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